sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Um retalho das poesias que eu li

Deixei para depois e retalhei tanto e tudo o que li e que mexeu com a minha alma. Pois bem: eu era fã de Domingos. Verdadeiramente. Ele foi o protagonista da minha novela preferida e eu tive a honra de entrevistá-lo algumas vezes. Tão educado e atencioso, sempre.

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Nasci e cresci no mar. Aprendi cedo o poder que a natureza tem.
Aprendi cedo a pedir permissão para adentrar rios, praias, matas, águas... Afinal, eles não são nossos. Tem seus donos. Poderosos.
Não é medo, é respeito.

Uma novela sobre um rio. Um protagonista, filho do rio – que é como se definem os que nascem por ali. Na ficção, esse protagonista, de nome Santo, desaparece pelas águas.
Era faz de contas. O autor escreveu sua volta. Santo.
Poeticamente, a vida real foi diferente.
O rio tomou a história e o protagonista para si.
A vida real esfregou na nossa cara que o protagonista também morre. E essa novela termina com uma lição.

Antes disso, uma novela sobre um homem. Que fugia para as águas em busca de paz.
Que só tinha coração para a natureza.
Um amor tão intenso, avassalador e comovente e com o qual não conseguia lidar.
“O vento e o mar só tem dois estados de espírito, tranquilo e agitado. Um chia, outro uiva. Nenhum mente. Sem esforço, eu compreendo e respondo: sim senhor”.
Foi o que escreveu Lícia Manzo, na boca de Miguel.

Ah, o destino.

Os personagens de Domingos desapareceram nas águas por duas vezes.
Sobreviveram.
Seu intérprete não teve a mesma sorte.
Viveu uma vida de poesia. Morreu poesia.

Os índios escreveram que Domingos renasceu. Que a água não tira a vida, ela dá a vida. Disseram que Domingos entrou no rio, se despediu do corpo, está bem. É guardião do São Francisco.

Pois que as águas tão poderosas o guardem.

Pego uma frase de Miguel:.
“Ainda dá tempo para tudo, se a gente quiser." (Sete Vidas, 09/07/2015)
Que aproveitemos, então.

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How many roads must a man walk down
Before you can call him a man?
How many seas must a white dove sail
Before she can sleep in the sand?
Yes and how many times must cannonballs fly
Before they're forever banned?
The answer, my friend, is blowin' in the wind
The answer is blowin' in the wind
Yes and how many years can a mountain exist
Before it's washed to the seas (sea)
Yes and how many years can some people exist
Before they're allowed to be free?
Yes and how many times can a man turn his head
Pretend that he just doesn't see?
The answer, my friend, is blowin' in the wind
The answer is blowin' in the wind
Yeah and how many times must a man look up
Before he can see the sky?
Yes and how many ears must one man have
Before he can hear people cry?
Yes and how many deaths will it take till he knows
That too many people have died
The answer, my friend, is blowin' in the wind
The answer is blowin' in the wind

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Uma visita das palavras

Parei de escrever. Perdi a inocência de achar todas as palavras bonitas.
Imersa na rotina, as palavras ficaram todas iguais.
Todas cinzas. Sem cor. Nem quentes, nem frias,
nem doem...

Ganharam um novo significado
Deixaram de ser poesia,
De rimar, de dançar de mãos dadas...
Minhas palavras não tocam mais corações,
minha ocupação não é só do amor...

E a poesia,
ela é cruel...
não visita quem não ama...

Apesar disso, eu sei
a vida não é feita só de palavras
mas também da interpretação delas.

Isso eu faço em silêncio.

domingo, 12 de julho de 2015

Sete Vidas

Tive que pegar "emprestado" esse texto do Maurício Stycer mas poderia citar milhões e milhões. Que os autores entendam que sutileza, delicadeza e sensibilidade são as armas mais fortes.

http://mauriciostycer.blogosfera.uol.com.br/2015/07/09/sete-motivos-por-que-vamos-sentir-saudades-de-sete-vidas/

Poderia destacar tantas cenas, mas essa me tocou profundamente a alma:
http://globotv.globo.com/rede-globo/video-show/v/miguel-le-e-mail-apaixonado-de-ligia-no-segundo-capitulo-de-sete-vidas/4027314/

Esse amor forte que a gente se identifica, que dói, que transcende.
E a Lígia só poderia ser Debora Bloch, que entrega! As expressões faciais, os olhares...

A gente precisa de mais novelas pra viver junto, pra observar pelo buraco da fechadura. Novelas sem vilões, porque eles não são necessários quando a vida e seus desencontros se fazem presentes. Personagens humanos.
E "vamos conversar" sempre, porque é muita vida pra caber numa conversa só. Obrigada, Lícia Manzo, por essa novela-poesia! ❤️⛵️

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Eis que ele descobriu o mistério da vida...

Aos 17 anos, logo no início da faculdade, tive a sorte de ser presenteada com suas aulas. Eu, uma caloura bobinha, achava que estudar cinema era só coisa de quem queria fazer cinema, mas me calei diante de tamanha genialidade.
Assistia seu discurso boquiaberta e quando dava 19h10 (o horário que geralmente ele liberava - e que causava revolta em metade da turma), parecia que só tinham passado cinco minutos.
Pedro falava das coisas com tanta paixão que era impossível não se apaixonar também. Suas aulas exalavam cultura, história, misticismo e vida.
Querido professor, você é vivo dentro de cada um que teve a honra de ser tocado pela sua sabedoria em aulas que eram mais do que cinema, eram aulas de vida.
Como sempre fiz, continuarei te citando como um dos grandes professores com quem tive a honra de cruzar caminhos.

Hoje o céu recebe um mestre e você finalmente descobriu o mistério da vida. Esteja em paz!

sábado, 18 de abril de 2015

Homenagem à chuva

Eu sempre fui a menina-sol.
Eu nunca gostei da chuva.
Meu sorriso sempre cresceu com os raios de luz,
É como se eles iluminassem todo meu semblante....
Como se o resto fosse só o resto.
Eu sempre gostei daqueles dias que são dia mesmo quando o relógio já marca oito da noite.
E sempre fui dia, calor, luz.
Eu nunca gostei dos dias nublados, da chuva.
Nunca gostei que meu sol escondesse seu brilho atrás das nuvens.
Mas hoje,
na chuva,
eu entendi.
Entendi que ela também precisa cair,
que ela é alimento das árvores, da natureza -e consequentemente da vida.
Entendi que a chuva é responsável pelas flores, por florir.
Que ela lava nossa alma todinha.
Olhei pro céu e sorri pras nuvens
com o semblante iluminado
-por que não?-
A chuva é maravilhosa!

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

A história de um gigante

Era uma vez um menino gigante.
Ele era um gigante bem legal, mas ele ia pra escola e os pequenos não queriam ficar perto dele.
O gigante não conseguia entender....ele só queria amigos. Mas os pequenos não queriam um amigo gigante, eles diziam que, perto da grandeza do gigante, era impossível enxergá-los.
O gigante atraía todos os olhares.... Afinal, ele era gigante!
E assim acontece na vida. Quando a gente é muito grande, gente pequena fica com medo de se aproximar.
Quando nosso coração é gigante, nosso brilho é gigante, os pequenos sabem que vão ser ofuscados.
Gente pequena tem medo de gente que cresce -é o que eu diria pro gigante da história acima.
Gigantes não tem que se ofender com isso.... Pelo contrário.
Quando vemos gente pequena se afastando, saindo da nossa vida, isso significa que crescemos demais pra eles. Que nos tornamos gigantes demais pros pequenos.

E eu também diria pro gigante da história pra que não se preocupe, porque um dia chega outro gigante pra combinar com ele.
Porque gigante combina com gigante.
E os pequenos que fiquem pra lá.........enquanto eles não crescem o suficiente.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

The end


Dessa vez a liberdade ficou marcada em mim, na minha pele.
Dessa vez eu não tive dúvidas. Acabou.
Acabou todo o sofrimento, toda a dor, os vícios construidos juntos.
A dor fez a dor acabar.
A dor física me fez ver que eu precisava me machucar – literalmente – pra parar de me machucar – dessa vez figuradamente.
A dor que eu senti veio junto com a minha carta de alforria.
Me fez ver que eu não precisava mais sentir dor nenhuma pra ver que era o fim.
Já tava ali. Já era o fim. Já era.
O fim.
Já tinha sido o fim, fazia tempo….
Eu, taurina teimosa, precisava esgotar todas as possibilidades – sempre preciso.
Precisava doer muito.

Mas como todo fim é um recomeço, eu senti prazer.
Foi como me desamarrar de uma corrente que me prendia tanto
Por amor ou até mesmo – ouso dizer – pelo vicio que eu construi de me machucar.
De uma forma louca.
Mas amar não é sofrer. E eu, que sempre achei isso,
Acabei me perdendo de mim.
Me fizeram acreditar que o amor era assim,
E meu sorriso sumiu….

Mas me reencontrei.  Pela primeira vez depois de alguns anos,E foi um reencontro doce.
Foi um reencontro livre.
Foi a minha liberdade, que veio dolorida,
Mas completa
Estive comigo de verdade. Com meu eu. Eu. E meu sorriso.
Que veio iluminado, lindo, de verdade, livre……..

O joelho doeu, sim
Mas desviou o foco de um coração que doía.
E, de certa forma, o curou também.
Quem disse que se machucar não é bom?